O desassossego diluiu naturalmente na quietude das horas. Na cama que ainda não arrefeceu, conserva-se muda a vergonha e o rasto leve da fuga.
Sim, o travo seco das palavras apartou-se e fluiu com a brisa da noite pela janela entreaberta do quarto, agora mais frio e solene.
Estou cá eu, só. Os lençois desalinhados não se comprometem. As portas fechadas do armário não advinham a ausência dos teus vestidos, calças e camisolas, repousados no sofá da tua avó, a dez minutos daqui.
Os ténis desencontrados já não vagueiam pelos tapetes. O creme hidradante retirou-se finalmente, tirando-me a graça de o espalhar a seguir ao banho e lembrar-me de ti.
Pensava que tinha mais dias e rendi-me ao luxo de me zangar por coisas que não importam, como sempre acontece quando se julga ter mão no tempo.
Deslocada, uma garrafa de água lamenta o abandono. O resto, silêncio e braços vazios.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
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1 comentário:
porquê ninguém? escreves bonito... tão doce...
com a tua licença, hei-de vir mais vezes aqui, a tua casa.
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