quinta-feira, 20 de agosto de 2009

É sempre catastrófico quando se finda o estado de negação. As afirmações anteriores tornam-se desculpas, usualmente mal engendradas, e de ora adiante já não servem de escudo para defender a carcaça das evidências.
Torna-se ridículo usar do engenho para passar a ligeireza de espírito que cai sempre bem quando não se é correspondido.
Já admiti que sinto. Agora o que faço com isso?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Uma imensa apatia.Tacteio no escuro os escombros das ideias e das perguntas que tinha guardadas para te fazer. Antes de deixares o tempo comer-me a sensibilidade dos orgãos que te davam relevância.
O único sentimento concreto que me anima é o arrepio da pele brutalizada pelo vento, aqui, onde o mármore já curou feridas iguais ou piores às que me fizeste.
Hoje não, a carícia ausente das luzes e dos carros fumegantes não me anima nem entristece. Incomoda-me o vai-vem das folhas e coisas várias que me voam da mala, as mensagens que me chegam ao telemóvel e às quais não atribuo nenhuma importância, a indiferença com que me presenteio ao cenário que foi mais minha casa que estas quatro paredes.
Não te achei bonita, nem repulsiva. Estavas ali e eu também, por coincidência.
Uma imensa apatia, tão estranha, e mais uma garrafa que estala com o ímpeto do saca-rolhas tosco. Estivesse eu assim todos os dias.
Estragaste-me o dia
estragaste-me, a pontapés, outra e outra vez, a vontade de querer saber.

domingo, 16 de agosto de 2009

O que tenho para oferecer agora são destroços do meu naufrágio. Notas tristes e restos de cerveja em copos de vidro gasto. O que tenho para oferecer são piadas de baú e tristezas de mulher mal amada. Histórias de quando fui amada sem saber e não soube amar. Histórias de quando me entreguei a quem não quer saber da minha entrega.
O que tenho para oferecer são histórias de quando gostei de quem está demasiado habituado a ter o mundo na palma das mãos.
Histórias em que não sou personagem principal.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

I know, you love the song but not the singer
I know, you've got me wrapped around your finger
I know, you want the sin without the sinner
I know
I know

Placebo - I know
Metes-me nojo. Desculpa-me se a rudeza dos meus modos te ofende. Mas metes-me nojo, agora, neste momento em que dedilho o mais rápido que posso, para te dizer, aqui, que me metes nojo.
Acabou. Acabou-se o engano. Até eu mereço melhor.

Radiohead - karma police

APC - 3 libras

domingo, 9 de agosto de 2009

elementaridades

Vi potencial. Vi que te fazia rir e por isso ria-me também. Vi que podia ser diferente.
Mas não fui. Fui a mesma princesa em torre de marfim, à espera que me acenasses em sinal que gostavas de mim. Fui a mesma formiga, laboriosa, mas pequena demais para ser notada.
Orgulhosa demais para ser completamente sincera e medricas demais para arriscar seja o que for.
Vi potencial e queria compensar o que não fiz no passado. Mas antes era diferente. Antes, ela gostava mesmo de mim. Agora, sou só eu a atirar pedrinhas à janela errada e a achar que o problema é das pedrinhas que escolhi.