sábado, 26 de fevereiro de 2011

As palavras são prenúncios. Como as gaivotas em terra, tempestade no mar.
Curtas, esguias, sabem-me às vezes a memória sem tristeza, a pontos finais sem parágrafo que lhes sugira um recomeço de outras ideias, novas, mas harmonizadas com as que já foram ditas, parte do mesmo texto, não ainda de conclusão.
As palavras estão nos livros e nos livros ensinam como se formam, no acariciar e revolver silencioso da caverna bocal, nos movimentos que as enrolam e expelem, com som ou sem, miudinhas ou imponentes, arrogantes.
Nos livros não ensinam as palavras que se escondem para além da glote, num nó que sobe e desce, hesita, esquece até, para depois se lembrar e em novo tremor se deixarem estar, secretas, minhas.
As palavras não sabem mentir, mesmo que quem as usa minta e minta a esperança ou o derrotismo de quem espera por as ouvir.

domingo, 13 de fevereiro de 2011