quinta-feira, 29 de maio de 2008

Vou às aulas uma vez em vinte

por isso agora ando num rodopio a tentar não perder "o burro e a corda", que é como quem diz, não chumbar a absolutamente todas as cadeiras do segundo semestre, por falta de comparência ou de elementos de avaliação.

Resultado:
- dormir 3 horas por noite
- dois testes praticamente seguidos, dos quais só tive conhecimento uma semana antes
- dois trabalhos (que devem valer por volta de 40% da nota) para entregar no espaço de duas semanas

No meio disto, descobri que tenho uma professora que me deixa deliciada - à falta de melhor termo -, não pelos seus atributos físicos - deve ter cerca de 50 e muitos -, mas por ser a imagem que sempre tive do que é ser "bom professor". Para além das questões relacionadas com a clareza com que expõe as matérias, é inteligente, dinâmica, energética - muitas vezes, mais do que nós e às 8h da manhã -, tem opiniões e defende-as com argumentos legítimos, mas aceita e incentiva a colaboração de todos os alunos, por mais que saiam daquelas bacoradas que deixam qualquer um vermelho de vergonha. Mas mais que isso, é um ser humano doce e compreensivo, paciente e atencioso.
Hoje vi-a chorar ao conversar com duas colegas acerca de cancro e outras tragédias que se abatem sobre as famílias e que se abateram sobre a dela. Depois de limpar as lágrimas (apeteceu-me tanto poder dar-lhe um abraço), disse-me "Bom, vamos lá, então, ver se organizamos essa vida". Estou nesta faculdade há três anos e já tive professores que me deram "o desconto" por diversas vezes, não sei se por preocupação genuína ou simplesmente por não quererem saber, mas nunca me aconteceu ter uma professora que se sentasse comigo numa mesa e me perguntasse, porque queria mesmo saber, o que é que se passava comigo para a minha vida académica andar como anda. Aconselhou-me e não fez juízos de valor. Depois saímos e pôs-me à vontade para trazer dados relativos aos mestrados da faculdade, para me ajudar a perceber o que são, em primeiro lugar, e os que posso querer seguir.
Numa altura em que há a sensação de que os professores universitários têm apenas a função de veicular informação, mantendo um afastamento estóico dos alunos, por escolha ou por feitio, é bom encontrar uma pessoa assim, que não se rala de ser pessoa e profissional ao mesmo tempo, que acha que o respeito está no sentimento, no gostarmos uns dos outros e estarmos, por isso, relacionados, e não em convenções ôcas e hipócritas.
É impossível que essa Senhora venha a ler isto, mas, ainda assim, apeteceu-me celebrar a alegria e conforto que estas coisas me dão.

2 comentários:

Gayja disse...

Não tive a sorte de cruzar com professoras assim durante o meu curso...
Mas tive a felicidade de ter meia dúzia de professoras que eram boas como o milho! Daquelas que uma pessoa até se levanta cedo para ir para as aulas e ficar 2h a "colar" nelas... Hai...(suspiro) Que saudades desses tempos... ;p

Anónimo disse...

Olá Atum :) Passei aqui por acaso e gostei muito do teu blog. Quanto a este post.. Estou no 2º ano e ainda não me deparei com nenhum prof assim. Nenhum mesmo. É tudo muito formal e parece que quanto mais nos afastam com as aulas entediantes, mais felizes ficam. Enfim. Vida :)