quinta-feira, 9 de julho de 2009

O passar tremendo das horas. Todos os penosos 3600 segundos, tic tac tic tac no relógio velho e feio, encaixado num canto escondido da ansiedade.
28800 segundos em que vendo o corpo que nem uma rameira. Mas não é pelos algarismos que figuram no talão, nem pelo gosto de pertencer. Não pertenço e sou uma rameira sem chulo, de costas livres da chibata capitalista.
As horas da invalidez emocional. Do desajuste e da saudade. Da perda de coisa alguma em especial. As horas de processar pensamentos com prensa de sapateiro, a quente e vagarosamente, tic tac tic tac, ao ritmo dos ponteiros rudes que riem jocosamente entre si.
As horas que me expiam os projectos e ressentimentos empacotados. As horas que desorganizam os orgãos, esmagam os sentidos.
As horas, boas, as horas do prazer. Tão ou mais crueis que as outras, rápidas a queimar no rastilho dos dias. As horas sem ponteiros de plástico da loja de conveniência, passam tão depressa que julgo que não as vivi.

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