domingo, 25 de outubro de 2009

Estou na reticência de ti. Sou. O luto que te faço, na mudez do meu aparente ócio, mostra-se lento e constrangido, apetrechado da indiferença que espalho no ar que circula entre o teu espaço e o meu, as palavras que os unem.
Recuso-te e abraço a insónia, a nicotina e o quarto abafado pelo fumo e a luz rala que o corta, as páginas de um livro que sorvo sofregamente, na esperança de neutralizar a invasão das memórias e receios que colecionei de ti.
És nefasta, minha querida, quer te recorde ou não. Ora me consome a saudade, ora me brutaliza a fuga desastrada, o fingimento, o nó que me verga na cama, cessa a harmonia das entranhas com o oxigénio exterior.
Estou - sem o negar - na reticência de ti, dos meses que te dediquei, da desordem orgânica de te sentir, quente, no amâgo do estômago, fígado, coração.
És tóxica, minha querida, como todas as paixões raras e invasivas o são. Molesta-me o derrame da tua influência. Mais ainda a urgência de a sanar.

3 comentários:

Sophia disse...

Caramba... Podia ter sido eu a escrever isto...

Scarlett disse...

Só te posso dizer que. Estas palavras foram como um golpe. Pela verdade. Pela similitude. Do que por dentro de mim rasga.

Obrigada por me dares as palavras que eu já não consigo escrever.

(Aries rules )

Um beijo.

Scarlett disse...

:) Um obrigada. De dentro do peito.

Tenho pena que não tenhas disponível e-mail. Gostaria de trocar ideias contigo.

Vou ouvir a música.

Beijo.